Como se fazia antigamente, o terceiro CD solo do músico e poeta carioca
Línox, “Me Gustan Las Possibilidades”, foi registrado praticamente ao
vivo em seis dias de imersão em estúdio, sem over-dubs ou pós-produções
elaboradas. Produzido por Plinio Profeta e Lancaster, as onze canções
marcam o encontro de Felipe Pinaud (bandolim, guitarra, violão e
flauta), Humberto Barros (teclados, acordeon e escaleta e violão) e
Thiaguinho Silva (bateria e percussão), além de Lancaster no baixo,
Plinio e o próprio Línox nas cordas adicionais. Jacques Morelenbaum, no
violoncelo, e Fabricio Matos, com o resonator e sample de harmônio,
participam de “Gavetas”. O guitarrista Felipe Eyer e o acordeonista
Bebê Kramer também participaram na faixa “Basta”.
A arte gráfica, desenvolvida por Eduardo Kurt, deixa um vislumbre do que está por vir: Uma sonoridade crua, um tanto circense, ares de leste europeu e um particular olhar positivo sobre as coisas. Com uma base instrumental de banjo, baixo acústico e acordeom, os arranjos transitam entre momentos delicados e outros mais vigorosos, pontuados pelas guitarras que parecem vir das trilhas dos filmes do Tarantino. A sequencia das faixas promovem um caminho diversificado e conceitualmente bem estabelecido. “Sempre gostei da ideia do CD, do conjunto de obras, como uma série de um artista plástico, algo tátil que represente o tempo e o pensamento de um artista”.
As letras são outros pontos que reforçam uma unidade. “Acho que sou um artista da palavra, mesmo quando não a utilizo, mesmo quando trabalho o silêncio. Minha forma de escrita, rítmica, de certa forma explica minha chegada na musica através da bateria”, diz Línox, que começou oficialmente a profissão como baterista da banda de Moraes Moreira, junto com Davi Moraes e Zé Ricardo, com quem também dividiu, paralelamente, o grupo Fibra.
Em 2009, o encontro palavra-música ganhou ainda mais corpo quando Línox começou o “Organismo” (http://www.organismo9.com/) ao lado de Shala Andirá e Roberto Pontes, uma companhia de arte contemporânea com base nos diálogos poéticos que o trio trocava, virtualmente, antes mesmo que se conhecessem pessoalmente. Nos dois últimos anos, as performances do trio ganharam desdobramento em diversos formatos artísticos e o reconhecimento da classe. De grandes eventos – incluindo o prêmio no festival internacional de Literatura na língua portuguesa, Fliporto – a intervenções poéticas nos metrôs do Rio de Janeiro, o grupo ostenta uma agenda digna de certas bandas de rock.
Línox traduz bem a movimentação artística da geração da música independente que confirma a importância da individualidade criativa e aponta novos caminhos possíveis. Sim, “en vivo las possibilidades”.
Faixa a faixa, por Línox:
“Crendice”- “Foi a última canção que compus, queria uma letra em português com o potencial de abrir o disco.. Até então, a primeira faixa ia ser ‘Possibilities’. ‘Pode ser, sim, quase tudo pode ser, já vi de tudo acontecer, o que não vi, eu sei que pode ser’”.
“Possibilities” – “Minha primeira música em inglês, pensava em Caetano e em Tom Waits”
“Até aqui” – “Uma canção antiga, simples, que sempre gostei e resolvi registrá-la aqui. A letra trata do percurso de uma relação. ‘Essa estrada, a gente é que constrói, e nesta estrada a gente se constrói’”.
“Palavras, chaves” – “Um resgate da comunicação, numa relação abalada com o tempo. Uma sonoridade vigorosa em contraste com uma letra delicada”.
Asas da palavra – “Uma parceria minha com o acaso. Era uma faixa instrumental que eu já tinha pronta. Apresentei pros músicos, peguei meu livro de poemas e comecei a falar aleatoriamente frases de páginas distintas. De alguma forma as frases entraram em harmonia”.
“Basta” – ‘Um tango estilizado, com bateria de boca, guitarra e acordeom: ‘Se é vontade de Deus / então que fique assim / você se basta com os seus / e eu que cuide de mim’”.
“Jogo da Sorte” – “Um rock antigo, meio Elvis...”
“Surpresa”– “Fiz pra minha família, a correnteza da vida. Quando Bento, meu filho, era pequeninho eu falava pra ele, ‘Filho, quando a gente sorri pra vida, a vida sorri pra gente’. Os anos se passaram, nunca mais falamos nisto, e um belo dia quando fui abrir a janela num dia de sol, ele lembrou da frase”.
“Além da paisagem” – “Esta canção fiz em Salvador, eu estava sozinho num hotel, um hotel ruim, num quarto ruim, chovia. Assitia um programa de cultura na TV e lá estava uma poeta linda, muito jovem, falando sobre o medo. Ela dizia que a matéria do medo seria a porta. Coloquei a TV no mute e comecei a fazer a música. O medo sempre foi uma questão que tive que aprender a lidar”.
“Beleza bruta” – “Um desenho de um caso de amor”.
“Gavetas” – “Lembranças do passado, uma parceria com Alexandre Castilho”.
A arte gráfica, desenvolvida por Eduardo Kurt, deixa um vislumbre do que está por vir: Uma sonoridade crua, um tanto circense, ares de leste europeu e um particular olhar positivo sobre as coisas. Com uma base instrumental de banjo, baixo acústico e acordeom, os arranjos transitam entre momentos delicados e outros mais vigorosos, pontuados pelas guitarras que parecem vir das trilhas dos filmes do Tarantino. A sequencia das faixas promovem um caminho diversificado e conceitualmente bem estabelecido. “Sempre gostei da ideia do CD, do conjunto de obras, como uma série de um artista plástico, algo tátil que represente o tempo e o pensamento de um artista”.
As letras são outros pontos que reforçam uma unidade. “Acho que sou um artista da palavra, mesmo quando não a utilizo, mesmo quando trabalho o silêncio. Minha forma de escrita, rítmica, de certa forma explica minha chegada na musica através da bateria”, diz Línox, que começou oficialmente a profissão como baterista da banda de Moraes Moreira, junto com Davi Moraes e Zé Ricardo, com quem também dividiu, paralelamente, o grupo Fibra.
Em 2009, o encontro palavra-música ganhou ainda mais corpo quando Línox começou o “Organismo” (http://www.organismo9.com/) ao lado de Shala Andirá e Roberto Pontes, uma companhia de arte contemporânea com base nos diálogos poéticos que o trio trocava, virtualmente, antes mesmo que se conhecessem pessoalmente. Nos dois últimos anos, as performances do trio ganharam desdobramento em diversos formatos artísticos e o reconhecimento da classe. De grandes eventos – incluindo o prêmio no festival internacional de Literatura na língua portuguesa, Fliporto – a intervenções poéticas nos metrôs do Rio de Janeiro, o grupo ostenta uma agenda digna de certas bandas de rock.
Línox traduz bem a movimentação artística da geração da música independente que confirma a importância da individualidade criativa e aponta novos caminhos possíveis. Sim, “en vivo las possibilidades”.
Faixa a faixa, por Línox:
“Crendice”- “Foi a última canção que compus, queria uma letra em português com o potencial de abrir o disco.. Até então, a primeira faixa ia ser ‘Possibilities’. ‘Pode ser, sim, quase tudo pode ser, já vi de tudo acontecer, o que não vi, eu sei que pode ser’”.
“Possibilities” – “Minha primeira música em inglês, pensava em Caetano e em Tom Waits”
“Até aqui” – “Uma canção antiga, simples, que sempre gostei e resolvi registrá-la aqui. A letra trata do percurso de uma relação. ‘Essa estrada, a gente é que constrói, e nesta estrada a gente se constrói’”.
“Palavras, chaves” – “Um resgate da comunicação, numa relação abalada com o tempo. Uma sonoridade vigorosa em contraste com uma letra delicada”.
Asas da palavra – “Uma parceria minha com o acaso. Era uma faixa instrumental que eu já tinha pronta. Apresentei pros músicos, peguei meu livro de poemas e comecei a falar aleatoriamente frases de páginas distintas. De alguma forma as frases entraram em harmonia”.
“Basta” – ‘Um tango estilizado, com bateria de boca, guitarra e acordeom: ‘Se é vontade de Deus / então que fique assim / você se basta com os seus / e eu que cuide de mim’”.
“Jogo da Sorte” – “Um rock antigo, meio Elvis...”
“Surpresa”– “Fiz pra minha família, a correnteza da vida. Quando Bento, meu filho, era pequeninho eu falava pra ele, ‘Filho, quando a gente sorri pra vida, a vida sorri pra gente’. Os anos se passaram, nunca mais falamos nisto, e um belo dia quando fui abrir a janela num dia de sol, ele lembrou da frase”.
“Além da paisagem” – “Esta canção fiz em Salvador, eu estava sozinho num hotel, um hotel ruim, num quarto ruim, chovia. Assitia um programa de cultura na TV e lá estava uma poeta linda, muito jovem, falando sobre o medo. Ela dizia que a matéria do medo seria a porta. Coloquei a TV no mute e comecei a fazer a música. O medo sempre foi uma questão que tive que aprender a lidar”.
“Beleza bruta” – “Um desenho de um caso de amor”.
“Gavetas” – “Lembranças do passado, uma parceria com Alexandre Castilho”.
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